terça-feira, 7 de outubro de 2008

CARTA ABERTA DO REITOR GILBERTO SÁ


Caros professores, coordenadores, funcionários e alunos.

Vivemos um contexto histórico marcado pela crise da sociedade. Valores que antes eram caros, hoje não valem mais nada.

Recordamos em recente entrevista, Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores contemporâneos, que fala da atualidade de Karl Marx como maior filósofo de todos os tempos e de seu indiscutível renascimento, pois coincide com a crise econômica internacional, particularmente dramática em um período onde as informações são transmitidas em grande velocidade e em escala global. Segundo Marx, “homens e mulheres fazem a história, mas a fazem não em condições ideais, mas em condições reais”.

Nesse sentido, nosso real contexto institucional passa por uma grave crise e esta nos remete a pensar e agir obrigatoriamente no sentido da mudança, pois toda crise é carregada das sementes da mudança (e das oportunidades). Para a mudança somos convocados a pensar em novos paradigmas de convivência e de alternativas que representem uma nova esperança.

Diante das situações de crise, faz-se necessário irmos às raízes dos problemas. É como se percebermos uma rachadura em uma parede e nos enganarmos, achando que cimento e cola podem resolver o problema. Mas não podem. Para sanar um problema, é preciso racionalidade e coragem.

Todas as nossas crises, sejam elas profissionais ou pessoais, exigem atitudes que nos levem à raiz dos problemas, para não comprometermos o futuro de todos.

Essa realidade inclui a todos nós como participantes e não como meros espectadores. Isso implica em termos uma atitude de maturidade e de sabedoria, que nos ajudará a buscar outros caminhos, diferentes dos trilhados até então. Isso nos remete ao “cuidado” com nossa UNIVERSIDADE, ao que essa UNIVERSIDADE representa na região serrana, que lamentavelmente é uma das mais empobrecidas do Estado de Santa Catarina. Esse cuidado é mais do que um ato, é uma atitude.

Se pensarmos na gestão dessa instituição, não podemos negar toda a trajetória histórica até o momento. Trajetória esta marcada por muitos sucessos, porém, marcada também por muitos tropeços e lacunas, que inegavelmente comprometeram e comprometem o nosso futuro institucional.

A dívida da Uniplac é do conhecimento de todos. Não queremos agora apontar culpados. Entretanto, as responsabilidades precisam ser levantadas. Precisamos ter consciência dos problemas que afligem a todos, diante da imperativa crise econômica que nos atinge.

Nossos esforços empreendidos são imensos, perseverantes e incansáveis para a recuperação do valor e da dignidade da nossa instituição. Somos uma UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA, mas somos também uma empresa. Talvez, a razão de nossos problemas, tenha sido a falta de consciência de muitos sobre essa característica. Dessa forma, o que faz uma empresa em situação de crise? Como citei anteriormente, procura resolver os problemas de forma racional e corajosa. Mas, acima de tudo, busca a união de todos.

Queremos deixar bem claro que não estamos parados, imóveis, mas sim buscando o melhor caminho, com prudência e que procure garantir sanar a dívida da instituição. Alguns atos que vamos precisar praticar podem parecer duros, mas quero deixar claro de que tudo o fizemos, ou vamos fazer, apenas busca garantir o desenvolvimento das pessoas que fazem a Uniplac.

Somos uma orquestra, um time, mas sem negarmos os pluralismos e as multiplicidades do coletivo. Posturas éticas e coletivas são urgentes. Posturas individualistas ou desarticuladas não cabem mais a esta instituição, diante dos ajustes que teremos que fazer.

Agradecemos o entendimento, a compreensão e a paciência de todos. Agradecemos acima de tudo a solidariedade de todos que superam posturas individualistas e comprometem-se solidariamente, colocando-se como responsável pelas decisões, preocupando-se com o coletivo e não se limitando a críticas, muitas vezes infrutíferas. Precisamos agora é apontar novos caminhos e novas alternativas.

Nossa alternativa e proposta para esse momento é prorrogar e parcelar as dívidas com os bancos. Dívidas essas que herdamos, com suas altas taxas de juros, tornando muito difícil a situação da nossa querida Uniplac.

Portanto, o remédio é amargo, mas necessário. Contamos com a compreensão e engajamento de todos. Hoje se impõe, como nunca, em nossa instituição, o espírito de cooperação e responsabilidade coletiva. Nosso inimigo não está aqui, está lá fora. Essa não é a primeira crise pela qual passamos. E a Uniplac sempre foi mais forte que toda e qualquer crise. E tenho certeza de que agora não é diferente.


Atenciosamente,
Professor Gilberto Borges de Sá
Reitor da Uniplac


Lages, outubro/2008

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